O Entrudo era uma das grandes festas do Inverno, que marcava ao mesmo tempo o seu fim e o início da Primavera. A tradição do Entrudo está ligada à máscara e em Portugal quem melhor do que os caretos transmontanos, de Lazarim ou Podence, para representar essa ideia?
Ó entrudo, ó entrudo
Ó entrudo chocalheiro
Que não deixas assentar
As mocinhas ao soleiro.
O Entrudo era também uma luta simbólica entre rapazes e raparigas, entre o pecado e a virtude, entre a fome e a fartura. No Entrudo come-se de tudo. De preferência carne. Porque a Quaresma estava à porta, trazendo consigo o jejum, a fome purificadora.
Mas antes de passar adiante, há que enterrar o Entrudo. Ou o bacalhau. Ou a velha. Ou o gato. E por esse país nasciam “enterros” em que as carpideiras davam largas às queixas de uma vida dura e sofrida.
Hoje os “enterros” são outros, mas continuamos a precisar de carpideiras que lembrem a este povo que podemos ser melhores. Anda por aí muita falta de virtude pública…
manela
esparguetada de frango e orégãos