Diz a tradição que os gatos têm sete vidas. A rotina de um gato é basicamente sempre a mesma: comer, dormir, xonar... Para quê sete vidas a fazer o mesmo? Parece um desperdício de tempo.
Se fossem os humanos a ter sete vidas, ainda se podia entender. Teríamos oportunidade para corrigir os erros. E como ninguém escapa de os fazer, muitos teríamos para emendar. Assim, lá andam os gatos pelo mundo a viver as suas vidas. A comer, a dormir, a xonar... Como a minha querida Xana!
manela
O meu avô criava coelhos. Tinha orgulho em viver do que a terra lhe dava. Quando lá ia de férias, já sabia que podia contar com almoço de coelho caseiro guisado. Confesso que na altura não sabia dar o valor àqueles coelhos, tenros e gostosos, alimentados a couves e farelos. Foi só muito mais tarde que percebi quão diferentes eram aquelas carnes das compradas no talho.
Mas como o tempo não volta atrás, hoje se quero coelho, tenho de me conformar com a prateleira de supermercado. Só que não o consigo fazer guisado. Tornou-se tabu na minha cozinha. Por isso resolvi experimentar assar a carne e até que correu razoavelmente.
Barre 4 pernas de coelho com massa de pimentão misturada com vinho da Madeira, tomilho e um pouco de pasta de alho. Deixe descansar algumas horas. Quando for altura de levar ao forno, cubra com tiras de bacon, regue com um pouco de azeite, tape o fundo do tabuleiro com água e deixe cozer até a carne estar tenra. Conte com pelo menos 1 hora de assadura e tenha cuidado com a temperatura do forno, para não queimar a carne. Sirva com salada e batatas assadas no forno com alecrim.
manela
Mais um trabalho saído do baú. Ponto cruz numa só cor: o meu tipo de bordado preferido!
Juntei-lhe uma gata: em honra da Xana...
manela
O café é umas minhas paixões. Esta receita é uma variação da torta de iogurte, mas com café. Batem-se 8 ovos com 250 g de açúcar, 1 colher de sopa bem cheia de farinha maizena, 2 colheres de sopa de margarina derretida (ou líquida), 1 colher de sopa rasa de café solúvel, 1 colher sopa de vinho do Porto e 2 iogurtes naturais. A mistura coze em tabuleiro forrado com papel vegetal untado de margarina. Coze cerca de 10 ou 15 minutos. Verifique a cozedura com um palito e evite deixar cozer demais. Depois de cozida desenforme em cima de papel vegetal, bem polvilhado de açúcar, enrole ainda quente e depois de arrefecer um pouco leve ao frigorífico. Sirva fria com um licor, por exemplo de caroço de nêspera.
manela
Os Homens nascem livres e iguais. A procura de liberdade guia os nossos actos e é o motor de muitas das nossas convicções. Está escrita em muitas leis e por ela já muitos morreram. Têmo-la como certa e garantida, mas há 36 anos era apenas uma hipótese teórica. Desde então muito se tem discutido sobre os seus limites e consequências. Diz-se que a liberdade individual não pode ultrapassar os direitos da sociedade. Pois é, temos liberdade, mas às vezes não sabemos o que fazer com ela...
manela
Todos temos segredos. Alguns carregamo-los como se fossem cruzes de chumbo. Outros são plumas que nos cocegam a língua, pedindo liberdade. Alguns estão escondidos em fundas gavetas. Outros vivem atrás de fechaduras de sete chaves. Alguns fazem doer a alma. Outros fazem-nos rir, de tão rídiculos que são.
Todos temos segredos. Uns bons, outros maus. Uns curam, outros matam. Mas talvez o melhor seja continuar a guardá-los...
manela
Na minha rua, a Primavera enche-se de aves. Principalmente de andorinhas que procuram um beiral para fazer ninho. Fazem voos picados, enchem o ar de movimento e som. Mas o chão por baixo dos ninhos... isso já é outra coisa. Digamos que não há planta que resista a ter uma andorinha como vizinha do andar de cima.
Há uns anos, a voz do povo dizia que pôr andorinhas de barro na parede, afugentava as aves. Acho que elas já perceberam o truque e não se deixam enganar...
Mas ainda bem que Rafael Bordalo Pinheiro se lembrou de criar esse objecto, a andorinha de cerâmica, que se tornou num icone português. Já agora, aproveite para conhecer o jardim Bordalo Pinheiro, aberto no Museu da Cidade de Lisboa, segundo projecto de Joana Vasconcelos.
manela
As borboletas são criaturas fascinantes. Em Lisboa existe até um borboletário no Jardim Botânico. Mas também pode promover a presença de borboletas no seu jardim, através do cultivo de plantas adequadas.
Símbolos da alma e do renascer, serviram de inspiração para um poema de Alberto Caeiro, Passa uma Borboleta por Diante de Mim
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
manela
O arroz de cabidela é daqueles pratos que associo a meninice e almoços de família. Vá-se lá saber porquê, aquilo parecia-me uma mistela incomestível. Até que provei em Monção, um arroz de pica no chão. Reconciliei-me com as imagens e aromas da infância. Não é propriamente um prato para o dia-a-dia. Até pelo trabalho que dá... Mas é uma sugestão par um almoço domingueiro. Daqueles em que há tempo para estar de volta do tacho.
Hoje jé é fácil encontrar nas grandes superfícies, frango preparado para este tipo de arroz, incluindo o sangue.
Aqui lhe deixo o link para esta receita que pertence ao património gastronómico do Minho.
O Tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o Tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo, tempo tem.
É só um destrava-línguas. Mas todos nos queixamos da falta de tempo. E afinal, para onde vai esse tempo que sentimos perdido? Talvez ele nunca tenha existido. Talvez sejamos demasiado ambiciosos no que lhe pedimos. Os projectos que esperam vez, são muitos. Alguma vez os farei todos? Duvido... Será a culpa só do tempo, ou minha, porque sonhei demais?
manela
esparguetada de frango e orégãos